Imagem retirada do site da UFSB. |
Em 2004 o MEC solicitou à Academia Brasileira de Ciências a elaboração de um grupo de discussão e trabalho para formular documentos referentes a Reforma Universitária, onde foram abordados diversos temas, visando a qualidade de ensino superior e produção intelectual.
Dentro do que foi abordado e discutido está o documento de ingresso, permanência e paradigmas curriculares, o qual propõe paradigmas gerais para a reforma do ensino. Sendo assim, o Brasil inicia a discussão da reforma a partir de uma realidade atrasada e ultrapassada, onde 3 problemas são ressaltados, o ensino superior sendo incapaz de oferecer educação de qualidade para o número crescente de jovens, cursos de bacharelado longos exigindo pré definição de carreira pelos estudantes e profissões regulamentas ao extremo.
Em relação ao ingresso de discentes o documento afirma que para sanar a limitação do acesso ao ensino superior gerado pela deficiência extrema do ensino público fundamental e médio, é necessário um grande esforço do estado brasileiro para formar, valorizar e reciclar professores para esses níveis de ensino e dar condições para que os alunos permaneçam na escola o dia inteiro, dessa forma sendo ponto fundamental para minimização da preocupação básica que é de maximizar a diversidade sem prejudicar a qualidade.
A questão central a ser enfrentada em um projeto de inclusão, é a de desigualdade social, que afeta indivíduos que provém de grupos de minoria, de variados grupos étnicos e sociais, portanto o sistema deve estar preparado para a diversidade. Uma inclusão com qualidade e diversidade.
A universidade brasileira não pode mais visar formar profissionais voltados apenas para uma função em mundo de fluxo de conhecimento constante e instável, pois a formação acaba ficando ultrapassada com o decorrer do tempo, com o surgimento de novas teorias e técnicas. O profissional formado pela universidade no mundo atual precisa estar preparado para os altos e baixos, para a mudança repentina não só no mercado de trabalho, mas na ciência e ser capaz de atuar em sua área e se adaptar às mudanças.
A proposta para o Brasil é de ingresso no ensino superior inicialmente por três grandes áreas e cursos compostos de ciclos curtos, sem declaração preliminar de carreira sendo eles, Ciências Básicas e Engenharia, Ciências da Vida e Humanidades e Artes e Ciências Sociais. Dessa forma o estudante tem maior flexibilidade e tempo para se adaptar, definir qual carreira seguir e trilhar um caminho mais promissor do que aqueles que já ingressam na universidade com carreira pré determinada, além de reduzir o índice de desistências nas universidades brasileiras que é extremamente elevado e anormal.
A tendência mundial é de cursos sequenciais com ciclos de curta duração com currículos flexíveis, fundamentados com base científica ampla. Nos EUA e Europa esse modelo já funciona com ótimos resultados, o Brasil no entanto precisa ampliar e modernizar o modelo de instituições públicas de ensino superior para que se adeque e evolua na produção de conhecimento atualizado e de acordo com as exigências da nova realidade instável.
Referência: ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS. Subsídios para a reforma da educação superior, 2004. - 2. Ingresso, permanência e paradigmas curriculares (p. 9-18)
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