A leitura de Bauman é bastante clara e nos toma, nos faz refletir sobre vários aspectos do ser e do pertencer. Na introdução de “COMUNIDADE a busca por segurança no mundo atual”, Bauman expõe um conceito de comunidade entorpecente, definindo a palavra aconchegante detalhadamente, nos levando à versão sonhadora da palavra comunidade, nos fazendo sentir como é bom pertencer à uma, como é bom ser aceito, acolhido e protegido.
Brevemente ele deixa essa versão de lado, nos trazendo sutilmente alguns questionamentos, passa a fazer comparativos da comunidade sonhadora com a verdadeira comunidade, aquela que é cheia de fronteiras, julgamentos, hostil, completamente diferente daquela visão utópica trazida no início.
Ele aborda no primeiro capítulo o mito de Tântalo juntamente com Adão e Eva, nos exemplificando em como é fácil ser expulso de uma comunidade por conta de uma ação inesperada e desaprovada, contrária àquilo que foi imposto. A agonia de Tântalo nos remete ao sofrimento que é tentar alcançar algo que é inalcançável, no caso a comunidade perfeita, sendo a busca pela identidade visual ou comunitária uma atitude que de tal forma separa a os dois conceitos de comunidade.
Uma frase marcante do que li diz: “O melhor pode ser inimigo do bom, mas certamente o perfeito é um inimigo mortal dos dois.”, o que me faz refletir que o perfeito como já tinha em concepção nada mais é do que uma ilusão e que em determinados momentos da vida a busca por ele pode ser exaustiva, e ainda assim, se alcançado o tal “perfeito”, as consequências podem ser frustrantes. Perfeito só existe na mente, na ideia, sendo a realidade o oposto de tudo aquilo que se imagina.
Uma relação interessante e que até então eu não tinha feito é a relação de liberdade x segurança, a qual ele afirma que não existe equilíbrio perfeito, uma elimina a outra e até hoje não acharam a receita ideal para os dois funcionarem conjuntamente. Para se sentir ou estar seguro, em algum momento esse desejo vai exigir abrir mão da liberdade, e para se sentir livre, em algum momento terás que abrir mão da sua segurança, trazendo sentimentos nostálgicos.
Por fim, voltando ao início do livro e terminando no final do primeiro capítulo, Bauman quase que nos dá um tapa na cara, começando com uma versão utópica, destrinchando conceitos e nos fazendo sentir meio entre muros, algo bastante conflitante nos dias atuais.
João: achei excelente tua síntese do texto de Bauman. Ele vai realmente alimentando os nossos sonhos até trazer-nos de volta à realidade que é a falta de saída para o dilema do pertencimento a uma comunidade, a conquista da segurança (física, emocional) e a perda da liberdade.
ResponderExcluirObrigado professor Joel! Seu feedback é muito importante, fico muito agradecido pelas recomendações feitas nesse quadrimestre!
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